Dia do Indígena na escola – dicas para abordar o tema
O Dia do Indígena / Dia do Índio na escola é parte da programação anual das instituições de ensino. A data é importante para valorizar as culturas que formaram nosso país. Falar dos povos indígenas é falar da natureza, riqueza linguística e cultural, resistência e diversos temas sempre atuais.
Mas você já refletiu sobre a forma como a data é comemorada nas escolas?
Embora esteja no calendário, a abordagem acaba reforçando muitos estereótipos e não representando a diversidade dos povos indígenas do Brasil.
Vale lembrar que a data de 19 de abril foi determinada pelo presidente Getúlio Vargas, em 1943, em resposta ao Primeiro Congresso Indigenista Interamericano, realizado em 1940, no México.
Além dessa data, podemos abordar o tema no dia 9 de agosto, considerado o Dia Internacional dos Povos Indígenas.
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A cultura indígena brasileira é enorme e precisa ser pesquisada e apresentada nas escolas. O papel de reduzir povos a imagens caricatas, sem a multiplicidade de suas formas de expressão, direciona ao apagamento da memória. E não se faz história sem registros e disseminação social e cultural.
O primeiro passo foi acessar nosso blog, agora vá além!
Elaboramos esse artigo com algumas indicações de como abordar o tema em sala de aula, com muitas referências para que sua pesquisa resulte em uma aula dinâmica.
Faça do Dia do Indígena (Dia do Índio ou Dia Internacional dos Povos Indígenas) na escola um passo inicial para inserir a cultura dos povos originários nos processos de ensino-aprendizagem. Boa parte da história do nosso país ainda não é contada em sala de aula, e a versão dos indígenas é pouco ouvida.
Pluralidade do tema
Segundo o Censo 2010 do IBGE, há cerca de 900 mil indígenas no Brasil. Os dados mostram que 57,7% dos indígenas vivem em terras indígenas.
A distribuição pelo território é a seguinte:
- Norte – 37,4%
- Nordeste – 25,5%
- Centro-oeste – 16%
- Sudeste – 12%
- Sul – 9,2 %
A pesquisa aponta ainda que os indígenas estão divididos entre 305 etnias e
falam 274 línguas.
A diversidade é grande, então não vale dizer que o Dia do Indígena (Dia do Índio ou Dia Internacional dos Povos Indígenas) não pode ser bem desenvolvido em sala de aula.
Dia do indígena na escola: erros comuns
Cuidado com os nomes!
O primeiro erro está presente no próprio nome “índio”. O termo mais adequado a ser utilizado é INDÍGENA. O certo seria, então, Dia do Indígena. Isso porque “indígena” faz referência a pessoa originária/nativa da terra, diferentemente de “índio” – apelido empregado pelos portugueses, que pode trazer uma imagem negativa.
Tribo, não! Os nomes mais adequados são: “povos”, “povos originários” e “nações” . “Tribo” é outra denominação européia que tinha como característica hierarquizar e reduzir os agrupamentos de povos indígenas à selvagens. Ao se referir ao território, os termos corretos são: “comunidade” ou “aldeia”.
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Indígena não é fantasia!
Fantasiar as crianças no Dia do Indígena (Dia do Índio) na escola não é muito legal. Isso reforça estereótipos e reduz os povos a imagem caricata que foi construída fora das aldeias. Substitua essa caracterização pela apresentação da diversidade de cada povo. Nessa matéria, você pode ler um pouco a opinião de indígenas sobre o assunto.
É lei!
A Lei 11.645/08 determina: “Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena”.
Embora seja lei desde 2008, ainda há muito trabalho a se fazer no que diz respeito a valorização dessas histórias e culturas, essenciais para a formação do país.
Nesse sentido, é muito importante que as escolas atuem cada vez mais inserindo essas pautas nos processos de ensino-aprendizagem dos alunos.
A visão que ainda temos é muito estereotipada e não difere da imagem do “índio” construída desde os tempos coloniais.
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Atividades para a sala de aula
Cinedebates
Apresente filmes e estimule uma produção textual, artística ou um debate com seus alunos. Na internet é possível encontrar vários documentários disponibilizados online.
Alguns deles são:
- Aqueles que contam histórias – Resgata histórias dos cem anos de encontro do índio laklãnõ/xokleng com os brancos e mostra a luta desse povo contra a barragem que destruiu parte de suas terras e dividiu as aldeias dentro da Terra Indígena.
- Mbyá Reko Pyguá, a luz das palavras – A sensibilidade do povo Guarani em educar as crianças permanece viva apesar das influências da sociedade contemporânea. Mas os caminhos e esforços dos líderes espirituais e professores indígenas são marcados por dilemas, buscas, encontros e desencontros.
Mundo digital: Youtubers indígenas
Você sabia que youtubers indígenas produzem conteúdo para a plataforma?
Alguns canais ganharam destaque recentemente apresentando a complexidade e diversidade dos indígenas no Brasil. Falam da vivência nas cidades e quebram esteriótipos. Uma ótima dica para os jovens ligados na internet!
- Canal Wariu – Cristian Wari’u apresenta a diversidade dos povos de forma bem didática. Os vídeos “Povos indígenas do Brasil” e “O que é ser indígena no século XXI” são bem interessantes.
- Essa matéria, apresenta outros nomes que ganham espaço na plataforma. Confira!
Roda de Leitura
Utilize livros sobre os povos indígenas no Brasil. Acredite, não são poucos! Seu projeto de leitura pode ser tematizado com autores e contos indígenas.
O mais interessante é não resumir a leitura de materiais da cultura afro-brasileira e indígena a datas comemorativas. Incentive a leitura durante todo o ano apresentando a diversidade brasileira.
Algumas indicações:
- Fala de bicho, fala de gente
- Contos Indígenas Brasileiros
- Kurumi Guaré no Coração da Amazônia
- A Terra dos Mil Povos: História indígena do Brasil contada por um índio
- Boca da Noite: Histórias que Moram em Mim
- Tem Tupi na Oca e em Quase Tudo que se Toca
- Descobrindo o Xingu
- Um dia na aldeia
Confira: 4 motivos para inserir a contação de histórias na escola
A história que a história não conta
Incentive as narrativas dos povos indígenas contadas por eles mesmos. Apresente a complexidade da História do Brasil pelas narrativas que ainda não conhecemos. Na internet, você consegue acessar diversos materiais.
O Projeto Panton Pia’ registra e analisa narrativas orais de indígenas de Roraima. Em 2019, lançaram o livro “Panton Pia’: Narrativa Oral Indígena – registro na Terra Indígena São Marcos” com narrativas orais de indígenas da região.
Busque novas referências para as aulas: quem são os heróis? como contam as histórias dos povos originários? Incentive o estudo das diversas narrativas na formação do país.
Você conhece?
Povos Indígenas no Brasil – esse site vale ouro! É rico em informações dos povos, apresenta dados e mapas. Fala das línguas, modos de vida, direitos e políticas indigenistas. Vale a pena conferir e retirar material para elaborar uma aula rica em novos conhecimentos.
O site Povos Indígenas no Brasil Mirim tem como objetivo apresentar a diversidade de povos, romper com a ideia de “todos os índios são iguais” e despertar o interesse e o respeito das crianças às culturas indígenas existentes no Brasil.
Culturas indígenas
Qual o tamanho da diversidade cultural de cada povo indígena? Poucas pessoas tiveram acesso a tamanho conhecimento e manifestações culturais.
Música, arte plumária, cerâmica, cestaria, narrativas… Apresente para seus alunos um pouco do que os povos produziram e produzem no que diz respeito a manifestações culturais.
- No site Artesanato Indígena, você confere diversos materiais que apresentam a arte indígena brasileira;
- Quando o assunto é culinária indígena, você pode preparar ou apresentar pratos típicos.
Línguas
Construa um dicionário de palavras! Faça uma aula dinâmica apresentando a tradução de palavras, a origem e como são pronunciadas. Outra dica é montar um quebra cabeça para relacionar imagens e palavras.
São 274 línguas, com muitas palavras utilizadas no nosso dia a dia. Abacaxi, catapora, capim, minhoca, paçoca, entre outras.
Alguns links úteis são:
- Dicionário indígena – Dicionário simples com nomes e traduções;
- Dicionário Tupi Guarani – É um dicionário ilustrado do Tupi Guarani. O site apresenta filtros para nomes culinários, bichos, plantas, entre outros;
- Mapa de Povos Nativos do Brasil – aqui você encontra o nome do povo, a língua e a família linguística de cada região. As possibilidades de trabalhar o tema são diversas! Você pode separar os alunos em grupos e pedir para que eles apresentem algumas curiosidades de cada povo e língua, por exemplo.
Leia o artigo: 5 maneiras de levar a aprendizagem ativa para as salas de aula
Geografia e política
Com as turmas mais velhas, priorize debates sobre a atual situação dos indígenas no Brasil. O debate sobre a demarcação de terra tem ganhado repercussão todos os anos.
A demarcação das terras tradicionalmente ocupadas pelos povos indígenas se constitui com uma das principais obrigações impostas ao estado brasileiro pela Constituição Federal de 1988.
enfatiza o Funai
Você pode ler sobre o tema e acessar dados nos sites:
- Funai – Terras indígenas
- Funai – Demarcação de Terras
- Terras Indígenas no Brasil – o site apresenta muitos dados e textos ricos de informação sobre o tema. Além disso, um mapa interativo indica as terras, os povos e a situação jurídica. Vale a pena conferir e atualizar os alunos sobre o tema.
Links úteis:
- Matéria sobre os defensores dos direitos indígenas. Leia aqui!
- Deputado Juruna e representação política dos indígenas. Saiba mais!
Não é pouca coisa!
Na internet você pode encontrar diversos outros materiais que buscam disseminar e abranger o debate sobre os povos indígenas do Brasil.
Dessa forma, aproveite o Dia do Indígena (Dia do Índio) na escola para abrir uma agenda de ações que buscam atender, de fato, as propostas da Lei 11.645/08.
Inovar na educação, portanto, é também incentivar a reflexão e o debate sobre temas urgentes.
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