Cyberbullying – o que é e motivos para combatê-lo
Você provavelmente sabe o que é bullying e já deve ter noção das consequências negativas causadas por ele. Mas você sabia que o bullying pode chegar ao ambiente virtual? Esse é o chamado “cyberbullying”, prática que pode causar danos tão graves quanto o bullying dentro da escola.
O combate ao cyberbullying, bem como ao bullying fora do ambiente virtual, deve ser prioridade das escolas, já que estas têm responsabilidade sobre a integridade de seus alunos e precisam garantir um ambiente seguro e acolhedor para todos. Entretanto, o enfrentamento ao bullying virtual pode ser bastante complicado, já que as características da internet podem dificultar uma ação mais assertiva da escola.
Deixar que o cyberbullying ocorra representa um grande perigo a toda a comunidade escolar. Acompanhe o artigo e entenda mais sobre o assunto!
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O que é cyberbullying?
O chamado “cyberbullying” é o bullying que ocorre no ambiente virtual. Como já explicamos neste artigo, “bullying” é qualquer tipo de agressão física ou psicológica, intencional e repetida , praticada por uma pessoa ou grupo contra alguém que tem menos condições de se defender.
Quando os ataques ocorrem através da internet, obviamente não há violência física. Por outro lado, potencializam-se as ofensas, discriminações e conteúdos vexatórios. Assim, o cyberbullying está muito mais relacionado à violência psicológica que a ataques físicos.
O bullying virtual pode ocorrer por diversos meios, tais como as redes sociais, aplicativos de mensagens (WhatsApp) ou até mesmo emails.
Veja alguns exemplos de casos de cyberbullying:
- Publicação de ofensas e xingamentos online
- Envio de mensagens com ameaças
- Criação de montagens ou divulgação de imagens vexatórias
- Divulgação de conteúdo pessoal ou íntimo
- Envio sistemático de mensagens ou comentários indesejados
- Assédio virtual
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Os perigos que o cyberbullying representa
Anonimato e impunidade dos agressores
Por agir através da internet, o agressor virtual consegue se valer do anonimato. Devido à criação de perfis falsos nas redes sociais (os chamados “fakes”) ou do envio de mensagens diretamente de pessoa para pessoa, torna-se difícil, muitas vezes, identificar o autor de uma agressão.
Essa característica de anonimato é especialmente problemática porque potencializa a ação dos agressores, que creem que sempre sairão impunes. Assim, ataques on-line podem ser ainda mais agressivos e ameaçadores, o que agrava todas as consequências negativas do bullying e pode prejudicar seriamente o equilíbrio psicológico da vítima.
Além disso, a possibilidade de anonimato ainda compromete a ação da escola, que pode acabar não identificando o agressor. Ainda que especialistas consigam, em muitas das vezes, rastrear a origem de mensagens, esse é um trabalho que depende de altos conhecimentos técnicos e de uma decisão judicial para que ocorra, o que já leva a questão do bullying virtual para um âmbito muito além do âmbito escolar.
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Compartilhamentos e potencialização da agressão
Na internet há ainda a possibilidade de compartilhar ou repassar os conteúdos que ofendem e humilham as vítimas de cyberbullying. Assim, o ato de bullying é potencializado e chega a um número incontável de pessoas que visualizam a agressão.
As consequências, desta forma, acabam sendo mais graves e afetam diretamente a situação da criança ou do adolescente na escola. Da mesma maneira, o rastreamento e a identificação dos envolvidos no caso torna-se mais difícil quando um número muito grande de pessoas tem acesso ao conteúdo ofensivo.
Casos desse tipo frequentemente também saem do âmbito da escola e podem gerar repercussão em toda uma comunidade. Dessa maneira, o cyberbullying amplifica humilhações e discriminações, o que pode levar a consequências gravíssimas. Alguns casos cyberbullying ganharam destaque recentemente devido a vítimas que cometeram o suicídio após serem expostas na internet, o que alerta para a importância de combater esse problema.
Cyberbullying no Brasil
Segundo pesquisa publicada em 2018 pelo Instituto Ipsos, o Brasil é o 2º país com mais casos de cyberbullying no mundo, ficando atrás apenas da Índia. O levantamento aponta outros dados alarmantes sobre a situação do país:
- 29% dos responsáveis relataram que os filhos já foram vítimas de violência online
- 50% dos pais afirmam que as agressões virtuais vieram de um colega de classe
- 65% dos casos tiveram as redes sociais como plataforma de agressão
O que a legislação diz sobre o Cyberbullying?
Atualmente não há nada no texto de lei que fale especificamente do cyberbullying e, portanto, que coloque uma sanção para este caso específico. O que temos hoje é a Lei nº 13.185/15, também conhecida como Lei Anti-Bullying, mas ela não prevê uma qualificação específica para o ato de bullying cometido na rede. O Marco Civil da Internet também não aborda diretamente o assunto, ou seja, em nenhum momento o cyberbullying é especificamente citado.
Porém, há uma brecha importante no assunto: segundo o Marco Civil, qualquer pessoa que cometer um crime já previsto em lei poderá ser punida, fazendo com que as ações de cyberbullying – como por exemplo: Intimidar, assediar, insultar, difamar etc. – sejam tratadas como qualquer ação no ambiente offline, acompanhando suas respectivas sanções.
Apesar de não se falar especificamente desta modalidade de bullying, a Lei Anti-Bullying ressalta a importância da participação da escola neste processo de prevenção e acolhimento, após a agressão – essa lei estabelece a criação do Programa de Combate à Intimidação Sistemática. Ou seja, as escolas devem ser parte atuante importante neste processo, independente de ser bullying físico ou cyberbullying.
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Qual o papel da escola quanto à conscientização?
A escola tem um papel fundamental no processo de conscientização dos alunos, a fim de prevenir os casos de cyberbullying e incentivar os jovens a denunciar os casos que ocorrem com colegas de classe.
Mas como o cyberbullying acontece em ambiente virtual, o primeiro passo é começar com ações que combatam ao bullying na instituição, com ações educativas e campanhas recorrentes.
Os gestores escolares devem atuar, ainda, para evitar que o problema saia do âmbito escolar, de forma a minimizar os danos para todas as partes. É preciso educar os agressores para que não ocorram recorrências deste ato por meio da conscientização sobre os danos causados, bem como conversar com os responsáveis pela criança para que estejam conscientes das ações dela e os impactos causados na vida da vítima.
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O que pode ser feito?
O foco deve sempre ser de prevenção para evitar maiores problemas. Afinal, as consequências do bullying e cyberbullying são extremamente graves para a vítima. Palestras, conversas, aulas específicas, laboratórios de como usar a Internet de forma amigável, sem causar mal estar a amigos e colegas, discussões sobre o assunto e principalmente ouvir os alunos.
O importante é o diálogo para compreender a percepção dos alunos sobre o outro e saber onde e como agir nestes casos, tanto para quem comete, quanto para quem observa e para quem sofre com a ação.
Também é importante deixar claro que a vítima de cyberbullying poderá encontrar amparo na escola, de forma a incentivar os estudantes a buscarem o apoio na escola e não levar o problema para outras instâncias. Outro ponto fundamental é envolver as famílias neste processo, para que junto com a escola possam orientar esses alunos e acompanhar suas rotinas de perto.
Educação como estratégia!
Mais que tentar educar pelo medo, a escola pode propor ações efetivas como a oferta de uma disciplina – ou uma série de palestras – sobre segurança digital. Esse é um tópico essencial para debater as novas formas de interação social e, além de prevenir o cyberbullying, é um passo para pensar a educação e a cidadania nas plataformas digitais.
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Existem materiais de apoio para ajudar os gestores?
Sim! Há uma série de materiais que pode ajudar os gestores a se orientarem sobre o assunto e também serem usados com os alunos. Confira alguns gratuitos:
Implemente ações de proteção, prevenção e acompanhamento em sua escola. Traga a família para discutir esses assuntos e faça com que seus alunos possam se sentir protegidos neste ambiente.
Sua escola já passou por esse problema? Conte sua experiência para nós nos comentários.