Comunicação Não-Violenta para escolas

Comunicação Não-Violenta para Escolas

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A Comunicação Não-Violenta é um tema que tem ganhado destaque na forma como as pessoas trabalham situações de conflito, seja no trabalho, na escola ou nas relações pessoais.

Mas como essa forma de comunicação pode ser trabalhada e desenvolvida nas escolas? Existem resultados práticos?

Confira nosso artigo e entenda:

  • O que é Comunicação Não-Violenta
  • Os 4 passos principais
  • Como aplicar nas escolas
  • Funciona na prática?
  • A relação com a BNCC

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O que é Comunicação Não-Violenta?

A Comunicação Não-Violenta, ou CNV, é um método de comunicação que visa a resolução de conflitos de maneira pacífica, por meio da compaixão.

Marshall Rosenberg desenvolveu a CNV como uma metodologia que permite a percepção respeitosa das necessidades de cada pessoa. Dessa forma, conflitos podem ser resolvidos e evitados, porque serão partilhadas a escuta e a compreensão, de forma empática com a necessidade do outro.

Ele partiu do princípio de que todos somos seres de compaixão e que, durante nossa criação e experiências com o mundo, absorvemos e reproduzimos algumas violências. Isso dificulta nossa comunicação com o outro porque não expressa, de fato, nosso desejo quanto ao que estamos sentindo.

Mas todos somos capazes de reconhecer essas violências e adquirir novas estratégias para não reproduzi-las.

A CNV é sobre resolver conflitos e não criá-los!

A violência…

se manifesta em diversas esferas e comportamentos da nossa sociedade. Assim, seu reflexo pode aparecer no ambiente escolar, nas relações pessoais e em outras situações corriqueiras da rotina.

Ela pode estar escondida nas ordens, nos gritos, nas brigas, na repressão de formas expressivas dos alunos, ou até mesmo na falta de escuta ativa.

Nesse sentido, podemos ver a violência não só como um ato físico, mas também verbal ou gestual – nem sempre tão demarcados como ações violentas.

Ações repressoras, inibidoras e constrangedoras podem estar entrelaçadas com aspectos das microviolências que reproduzimos todos os dias – e isso afeta nossa vida até nas escolas!

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Gritos, brigas e falta de respeito!

Quando alunos ou professores gritam, quando brigas acontecem frequentemente e é difícil encontrar tranquilidade em sala de aula, o problema é, também, comunicacional. E é nesse sentido que a Comunicação Não-Violenta atua.

Isso porque, segundo a CNV, nos comunicamos para expressar nossas necessidades. Dessa forma, gritos, brigas e desentendimentos dentro de sala de aula são formas de expressão de necessidades que alunos e professores têm e sentem dificuldade de expressar.

Por isso falamos em violência! Porque muitas vezes não sabemos perceber, compreender e expressar nossos sentimentos da melhor forma possível.

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Os 4 passos da CNV

A Comunicação Não-Violenta gira em torno de quatro pontos básicos:

  • Observar sem julgar – Observa coisas que nos afetam, sem julgar a situação.
  • Identificar (e nomear) sentimentos – “Como me sinto diante disso?”
  • Assumir responsabilidades – O que o outro faz pode estimular mas não pode ser A CAUSA de nossas necessidades
  • Fazer pedidos – Pedimos para que algumas ações concretas sejam realizadas, de forma a atender nossas necessidades

Aplicando no dia a dia

Comunicação Não-Violenta nas escolas

Nas escolas, seu funcionamento vai de frente ao punitivismo e às reproduções de pequenas violências, que inibem a percepção e a exposição dos sentimentos das crianças.

Ao estimular que os alunos ouçam os demais e se percebam dentro dos ambientes, a escola colabora com o desenvolvimento de habilidades emocionais, essenciais para a formação de uma pessoa.

Mas como aplicar em sala de aula?

Você pode estudar e aplicar em diversos momentos. Seja por meio de atividades práticas sobre o assunto ou durante os diálogos que surgem no dia a dia.

O principal ponto é entender que a Comunicação Não-Violenta não é, necessariamente, a paz e o silêncio absoluto. Ela está presente em uma série de comportamentos que, em ambiente escolar, tanto alunos quanto professores podem desenvolver para que haja compreensão – e a escuta ativa – das necessidades de cada um.

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Escuta ativa é…

ouvir de fato, abrir espaço para que a necessidade de outro seja ouvida, compreendida e, se possível, atendida.

Entretanto, isso não quer dizer que o professor perde seu papel de coordenar e conduzir as situações em sala, mas permite que ele ouça e compreenda as necessidades dos alunos. E que os alunos aprendam a ouvir as necessidades e a preocupação do  professor em ensinar novos conhecimentos.

Colocando em prática!

  • Rodas de expressão – todos os dias o professor pode começar a aula ouvindo e estimulando o compartilhamento das emoções. Lembre-se: emoções são mais complexas do que “feliz, triste ou zangado”. A CNV estimula a percepção das nuances de cada tipo de sentimento e sensação que podemos vivenciar.
  • Resolução de conflitos por meio da percepção – aplique os 4 passos da CNV nos eventuais conflitos que surgirem. Dá trabalho, leva um pouco de tempo, mas apresenta resultados! Aos poucos, as discussões diminuem porque a forma de se expressar e a empatia pelo outro serão desenvolvidas diariamente.
  • Tabela de sentimentos e sensações – apresente o mundo de sentimentos existentes. Mostre pequenos trechos de desenhos animados e filmes onde alguns sentimentos complexos surgem. Diferencie-os de bom e ruim, feliz e triste. Quebre a dicotomia dos sentimentos! Confira uma lista de sentimentos apresentada por Marshall Rosenberg.
  • Lidando com as frustrações – desenvolva atividades que permitam a compreensão da frustração e a administração desse sentimento.

Por exemplo…

Às vezes, o aluno fica frustrado porque gostaria de brincar em um momento de estudo. A professora pode trabalhar a situação ouvindo a necessidade do aluno, estimulando que ele a reconheça e faça o pedido por um tempo de diversão.

Em contrapartida, pode apresentar sua necessidade de ensinar e vê-los aprender coisas novas que serão importantes para diversas atividades na vida. Em seguida, mostrar sua compaixão com a necessidade do aluno e demarcar que após o momento de estudos, ou em outro dia, a aula poderá ser mais interativa e com brincadeiras.

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Vantagens da CNV

  • Quebra o estereótipo de professor autoritário
  • Foge de técnicas punitivas nas relações pessoais
  • Desenvolve a capacidade de percepção sensível dos alunos
  • Desenvolve a capacidade de expressão real de sentimentos
  • Alinha expectativas – porque permite ouvir e ser ouvido
  • Apresenta o mundo e a complexidade dos sentimentos
  • Facilita a resolução de problemas e conflitos
  • Promove educação com afeto e empatia
  • Torna a sala de aula um ambiente agradável
  • Desenvolve autonomia na aprendizagem
  • Evita a lógica de culpa, medo, punição e da dicotomia “certo e errado”

Quais os resultados?

Nestes vídeos, Flávia Rubim fala de responsabilidade emocional e da permissão às emoções que ela aprendeu com a CNV e passou a aplicar com sua filha:

Assumindo a responsabilidade pelos nossos sentimentos

Deixando as emoções fluírem

De olho na BNCC

A nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC) demarca a necessidade das escolas estimularem o desenvolvimento de habilidades socioemocionais nos alunos. É por meio de erros e acertos que os estudantes podem compreender as relações da vida adulta.

As habilidades socioemocionais são desenvolvidas a partir da inteligência emocional, em relação a si mesmo e aos demais indivíduos. É a habilidade de responder às diversidades das emoções que surgem durante nossa vivência.

Nesse sentido, aplicar a CNV é essencial para o desenvolvimento desse tipo de inteligência, porque complexifica as interações sociais e estimula a compaixão e a empatia.

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