A escola como espaço para o exercício da criatividade
A capacidade de criar mora em todos nós. A complexidade do cérebro humano nos permite refletir sobre o que nos toca e transformar o meio em que vivemos; somos capazes de criar soluções inovadoras às questões que nos circundam. Possuímos uma inteligência criativa, que manifesta-se de forma nítida durante os processos de aprendizagem e pode ser vista, como essência do humano, no comportamento das crianças.
As crianças, em sua relação com o mundo, são extremamente imaginativas. Estão, a todo o momento, criando e recriando. Suas falas e perguntas são instigantes; elas saem do senso comum, pegam os adultos de surpresa, trazem reflexões que só podem existir quando há espaço para se expressar livremente, sem amarras ou julgamentos.
A criança nos ensina que para explorar a capacidade criativa é preciso estar livre de pré-conceitos, respeitar o próprio tempo e estar aberto àquilo que o mundo tem a oferecer. Para criar, precisamos nos encantar com o que nos cerca e ter espaço para escutar aquilo que, de mais profundo, vive em nós e, claro, espaço para que possamos manifestar a nossa criatividade.
O processo criativo exige flexibilidade, disponibilidade, paciência, entrega e escuta e, quando valorizado e colocado em prática, nos dá autonomia e autoconfiança, aspectos fundamentais ao desenvolvimento e autoconhecimento. A criação nos empondera perante o mundo e nos torna autores e, por isso, deve ser um exercício constante, em todas as fases da vida, em todos os momentos e situações.
Para uma criança, é mais fácil trazer a criatividade para o dia a dia, pois existe maior liberdade em relação às amarras sociais. Já o adulto está tomado pelos estereótipos sociais e pelos julgamentos morais; vive de acordo com aquilo que a sociedade espera, muitas vezes sem respeitar seu próprio tempo, ou questionar-se se é possível fazer diferente.
Sim, a sociedade – e as instituições – nos moldam e, exatamente por isso, precisamos exercitar nossa criatividade: para inovar o dia a dia e não só, mas a vida em sociedade e as instituições que a regem. Precisamos, portanto, educar nossas crianças para que possam ser agentes autônomos, de transformação.
Educar, contudo, é um desafio inquestionável. O educador deve apresentar o mundo à criança e o mundo, como sabemos, tem algumas regras. Assim, nos perguntamos: como educar sem impor as amarras sociais, já tão assimiladas por nós, adultos?
Ao educar, precisamos lembrar que a educação deve ser libertadora e valorizar a autonomia e a criatividade da criança. É preciso tempo, escuta, delicadeza. A escola – e demais ambientes de convívio da criança – deve proporcionar esse acolhimento, pois assim estará cuidando do desenvolvimento integral do aluno e possibilitando espaços para a expressão da criatividade.
Mas, por que a criatividade é tão importante? Pois nela vive o potencial transformador do ser humano.
Escola como espaço para exercício da criatividade
Para a psicóloga Regina Drumond, o ambiente é um elemento chave no processo de despertar e fazer aflorar o potencial criativo de todo o ser humano, assim, escolas pouco flexíveis, com programações rígidas, professores autoritários, salas de aula fechadas não soam como um ambiente acolhedor, que incentive a criatividade.
É preciso repensar o modelo tradicional de ensino e dar aos alunos a possibilidade de aprendizagem pela experiência, além de espaço para construírem obras das quais serão autores.
Sim. A criatividade é vital; sem ela não nos desenvolvemos, nem como indivíduos nem como sociedade. Se criarmos uma cultura que valorize o processo criativo dentro das instituições de ensino, poderemos fazer a diferença no mundo; tornando estas crianças e jovens protagonistas de suas vidas e escolhas e capazes de transformar suas comunidades em lugares mais amigáveis e justos.
Referências:
Criatividade Inteligente – http://www.mariainesfelippe.com.br/artigos/artigos.asp?registro=16
Escrito por: Carolina Prestes Yirula