O que é preciso para ensinar em um mundo conectado?
O uso de novas tecnologias no dia a dia de alunos é muito comum. Celulares no bolso, tablets na mochila, e computadores em casa fazem com que crianças e adolescentes estejam sempre conectados. Esses novos hábitos permitem que alunos se relacionem com novas informações de maneira diferente das gerações anteriores, o que coloca um desafio no modelo atual de educação.
Em um cenário com a leitura de textos curtos em redes sociais, inúmeras páginas abertas simultaneamente na internet e acesso à informação sempre presentes, o perfil do professor e a forma como ele se relaciona com as diferentes disciplinas escolares são colocados em cheque. Novos modelos de educação surgem, e o sistema de ensino como o conhecemos está prestes a sofrer mudanças drásticas.
Mas afinal, o que é preciso para ensinar em um mundo conectado? Como aproveitar essas novas tecnologias e usá-las para melhorar o aprendizado?
Novas tecnologias, novos hábitos
A primeira coisa que precisamos entender é que as mudanças não são exclusivas dos meios de acesso à informação. As novas tecnologias mudaram também os hábitos dos alunos e a forma como adquirem conhecimento. Enquanto muitos acreditam que a geração atual lê menos do que seus pais e avós, a realidade é outra: especialistas dizem que adolescentes nunca leram tanto.
Antigamente a leitura ela limitada a livros recomendados pela escola, mas hoje a prática está presente em todos os momentos: mensagens entre amigos, posts em redes sociais e textos que acham interessantes em blogs. A diferença agora é que a leitura é feita de forma mais rápida, com informações mais curtas e diretas, ao invés de longos romances e textos acadêmicos.
O desafio que educadores enfrentam é conseguir encontrar uma maneira de aproveitar as novas tecnologias, sem deixar que os alunos percam a capacidade de concentração em textos maiores e mais complexos. É interessante incentivar a leitura de livros juvenis – até mesmo best sellers – e revistas que tratem de temas que os adolescentes achem interessantes.
Um novo modelo de educação
Novas tecnologias e comportamentos pedem uma mudança completa na forma como a educação é vista atualmente. Em um modelo que não é atualizado desde o século XIX, o espaço para os novos hábitos é pequeno, e as chances da estrutura tradicional bater de frente com as demandas dos novos alunos é muito alta.
Algumas escolas no mundo experimentam mudar o perfil do professor e as salas de aula: agora os alunos podem assistir a lições específicas em casa, receber orientações de pesquisa, e discutir com colegas em um ambiente online voltado ao aprendizado.
Outras instituições enfrentam o desafio de maneira mais radical: a Escola da Ponte, em Portugal, se aproveita das oportunidades criadas pelas novas tecnologias e acaba com as disciplinas tradicionais e o modelo de séries. Lá, os alunos que sabem um conteúdo compartilham as informações com quem ainda está aprendendo, e focam na busca voluntária do conhecimento. A iniciativa não é exclusiva de outros países, e idéias parecidas estão sendo aplicadas em uma escola municipal no Rio de Janeiro.
O novo perfil do professor
A saída do modelo tradicional de classes é um dos pontos principais dessas mudanças: a ideia agora é que o perfil do professor seja mais de reflexão do que imposição. Ao invés de alunos sentados em um ambiente fechado onde a matéria é imposta a mentes já desinteressadas, o novo propósito é oferecer temas de estudo para que eles se preparem, e assim possam buscar todas as informações que puderem encontrar em meios digitais.
No ambiente escolar, o professor inicia um debate sobre o assunto, e os estudantes colaboram com o que encontraram. A discussão faz com que tanto os alunos quanto o educador possam refletir juntos.
Aprendizado voluntário
Por meio do uso de novas tecnologias, as mudanças focam em unir o aprendizado intencional e o informal, fazendo com que os alunos não recebam as informações prontas e digeridas, e aprendam a buscar conhecimento voluntariamente durante toda a vida.
Adequando o perfil do professor à nova realidade que explora diferentes tecnologias, é possível experimentar diferentes formas de educar, cultivando uma geração mais reflexiva e independente e vencendo o desafio de gerar mais interesse por novas disciplinas.