Evasão escolar: causas comuns e estratégias de combate ao problema

Evasão escolar: causas comuns e estratégias de combate ao problema

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A evasão escolar é um problema social crescente e complexo, que compromete diretamente o desenvolvimento da educação no país. Ela ocorre quando os alunos precisam deixar a escola e pode ser influenciada por fatores internos ou externos, capazes de desestimular o aluno e afetar a gestão escolar.

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De acordo com a Pnad Contínua, divulgada pelo IBGE em 2019, 40% da população brasileira acima dos 25 anos sequer concluiu o Ensino Fundamental. A mesma pesquisa revela também que, 11,8% da população entre 15 e 17 anos estão fora das escolas – número este que equivale a 1,1 milhão de pessoas.

Esse contexto colabora não só com a perda de matrículas e problemas financeiros nas instituições de ensino, mas também na perda de engajamento dos alunos e a criação de um ambiente desmotivador na escola. Contudo, a conduta jamais deve ser de reprovação, mas sim de compreensão e acolhimento na busca por soluções. 

Evasão escolar: motivos que levam a isso

Dificuldades financeiras

Diversos fatores podem influenciar um cenário de dificuldade financeira, como o desemprego, o aumento das despesas em casa, a necessidade do jovem trabalhar ou algum gasto emergencial. Sendo assim, a permanência do aluno na instituição de ensino será avaliada pela família.

Falta de engajamento da família

A falta de participação das famílias é um indicador preocupante de que a comunicação está com algumas falhas. Desse modo, se os laços estão enfraquecidos, a família pode questionar as propostas da instituição, deixar de comunicar seus desejos e insatisfações e procurar construir relação com outras opções de ensino – seus concorrentes.

Por isso, no processo de combate a evasão escolar, é preciso ter a comunicação bem estruturada e eficiente, além de ouvir as opiniões dos envolvidos nessa troca – alunos e responsáveis.

Bullying

Essa forma de violência pode transformar a escola em um ambiente desagradável para a criança e interferir diretamente na relação da família com a instituição. Em casos insistentes, a criança tende a reclamar com a família, mesmo que indiretamente, solicitando a mudança de escola. É responsabilidade da instituição prevenir que essas violências aconteçam e incluir o combate ao bullying em todas as etapas do ensino-aprendizagem.

Como criar uma campanha antibullying na sua escola

Falhas da Escola

Currículo ultrapassado, repetência, precarização da infraestrutura, professores mal remunerados e falta de atividades extracurriculares: todo este quadro desolador contribui com a diminuição da permanência dos alunos em sala de aula

A escola deve ser um ambiente de construção e troca de conhecimentos e não um espaço cujo objetivo é manter os alunos fora de casa ou das ruas por algumas horas. Por isso, investir em diferenciais e qualidade de ensino é essencial. 

Outros fatores

Além dos anteriores, também podemos citar: desigualdade social, gravidez na adolescência, fatores sócio-emocionais, distância geográfica entre casa e escola, etc…

Estratégias de combate à evasão escolar:

1. Identifique possíveis falhas da instituição

Nem sempre é fácil perceber onde estamos errando. Mas, para evitar a evasão escolar é preciso entender onde tudo começou. Se a causa é relacionada à escola, a falha pode estar na administração de tempo e dos recursos ou na comunicação institucional.

É importante identificar as demandas que ainda não são atendidas e que geram desinteresse dos pais a ponto de levá-los a tirar os filhos da escola, e as demandas que ainda não são atendidas. 

Você pode antecipar alguns desses casos ao realizar uma pesquisa de satisfação com seu público. Um bom exemplo é o NPS (Net Promoter Score), uma metodologia que busca avaliar a satisfação dos pais de alunos por meio de uma pergunta básica:

Em uma escala de 0 a 10, qual é a probabilidade de você indicar nossa instituição de ensino para seus familiares e amigos?

Com os dados dessa primeira etapa, você já terá alguns indicadores para trabalhar em melhorias e aperfeiçoamentos. É interessante realizar outras pesquisas mais detalhadas para mapear pontos de melhora e/ou investimento, com foco na retenção de alunos.

NPS para escolas – entenda como medir a satisfação do seu público!

2. Realize um bom planejamento estratégico

Com as necessidades e melhorias mapeadas:

  • Invista em novas abordagens pedagógicas;
  • Planeje atividades atraentes que gerem interesse;
  • Ouça com frequência as demandas apresentadas pela comunidade escolar; 
  • Avalie como tem sido a comunicação entre professores e alunos.

Faça o teste: Como está a comunicação da sua escola?

3. Melhore o relacionamento da escola com as famílias 

Criar um ambiente convidativo aos pais, responsáveis e alunos é importante para evitar a evasão escolar. A escola precisa ser um lugar onde eles encontram apoio e atenção. Portanto, para o bom funcionamento escolar, é necessário que aconteçam mais do que reuniões formais para tratar de assuntos burocráticos e difíceis.

É preciso realizar encontros para entender melhor as demandas, preocupações, desejos e expectativas da comunidade escolar. Investir em gestão participativa colabora com essa aproximação. Quando a escola deixa de fazer isto, acaba se tornando o lugar onde os pais menos querem estar. Isso prejudica o desempenho do aluno, afinal, educar é uma tarefa conjunta entre escola e lar.

A comunicação escolar deve construir relacionamento com seu público, ouvir seus feedbacks e aproximar família e alunos dos processos de ensino. Por isso, trate-a com prioridade.

4. Avalie o projeto pedagógico 

É hora de pensar se as linhas pedagógicas adotadas pela escola estão contribuindo ou não para o interesse dos alunos nos estudos. As aulas são interessantes? O aprendizado é adequado? Alunos com mais dificuldades recebem acompanhamento personalizado? Essas são algumas perguntas que você deve se fazer. 

É muito importante que o currículo ofereça atividades que tragam prazer à experiência escolar do aluno e proporcione contato com as disciplinas por meio de atividades motivadoras.

Alguns exemplos são:

  • jogos pedagógicos;
  • análises da história musical ou do cinema;
  • debates de filmes;
  • atividades na natureza.

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5. Traga inovação ao currículo escolar

Com a evolução dos meios digitais, muitas escolas passaram a enxergar a tecnologia como aliada no processo de ensino. Em vez de se apegar apenas às técnicas tradicionais, podemos contar com a tecnologia educacional para auxiliar as aulas e deixar tudo mais interessante. 

É preciso pensar em materiais interativos, atualizados e, se possível, interdisciplinares. A escola precisa investir em tecnologia e inovação na sala de aula. Algumas escolas, por exemplo, ofertam aulas de empreendedorismo e educação financeira como diferencial – o que já prepara o aluno para as dinâmicas que viverá no mercado de trabalho. 

Para isso, o material deve:

  • Trazer temas e assuntos relacionados à realidade dos estudantes;
  • Criar uma identificação com os alunos;
  • Despertar o interesse dos alunos pelas disciplinas;
  • Gerar discussões e debates;
  • Apresentar conteúdos transdisciplinares.

Invista na “Gamificação” 

Usar jogos (e suas estratégias) para desenvolver aulas mais interativas é um diferencial. O método funciona porque os jogos já fazem parte da vida dos jovens e, inseridos no ambiente escolar, despertam a curiosidade ao passo que atualizam o currículo da escola. Assim, a busca pelo aprendizado se torna ainda mais divertida!

Continue acompanhando… 

Em resumo, após as mudanças é importante fazer acompanhamentos periódicos e não deixe de trocar informações com o estudante e seus responsáveis. Com o tempo, o relacionamento tende a se tornar natural e a evasão escolar deixa de ser uma ameaça.

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Como sua instituição tem agido nesses casos? Quais medidas preventivas você tem tomado? Compartilhe sua experiência conosco!