Composição da folha de pagamento nas escolas

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A Corus atende continuamente dezenas de escolas, já fez estudos para algumas centenas delas e, com isso, conhece parâmetros e indicadores de um leque bastante aberto de tipologias de escolas, de todos os pontos de vista – inclusive o orçamentário.

Em geral, os orçamentos das escolas são bastante diferentes entre si. Trata-se de um setor da economia em que há uma enorme variação na margem de lucro, por exemplo. O mercado está bastante carregado por instituições com margens muito baixas, quando não negativas. Há, ao mesmo tempo, as “joias da coroa”, escolas que, por conseguirem obter um desempenho muito bom em sua gestão, conseguem chegar a margens de lucro bem acima da média.

Existe um fator, contudo, que se aplica a todas as escolas particulares, independentemente de suas peculiaridades: a folha de pagamento representa, de longe, o maior custo do negócio. Por conta disso, esse acaba sendo o item de decisão mais sensível de todos. Pequenas oscilações na folha têm grande impacto no ano e, principalmente, nas projeções de longo prazo.

Portanto, todo cuidado é pouco com a folha.

As escolas devem se cercar de todos os instrumentos de gestão de modo a administrar adequadamente a folha de pagamento. Essa é uma grandeza da escola que está sempre em movimento, em especial pela contínua pressão de todos os setores envolvidos na operação educacional.

Dentro da folha de pagamento, sem dúvida os professores representam um capítulo próprio. São eles os maiores responsáveis pela aplicação direta do core business da empresa, que é a transmissão do conhecimento em sala de aula. Quando o professor fecha a porta da sala e inicia a aula, ele é, naquele momento, a escola. A imagem que os clientes terão da instituição passa, em grande parte, pela avaliação que eles fazem do trabalho dos professores.

As questões sindicais específicas dos professores trazem nuances ainda mais especiais a esta relação. Um desses aspectos é a questão da isonomia. O texto da Convenção Coletiva indica que professores ingressantes devem receber o mesmo salário dos mais antigos, salvo em caso de planos de carreira estruturados. Essa amarra é cruel com a política de gestão de RH das escolas. Praticar uma diferenciação salarial com base em desempenho, prática fartamente usada em outros setores, traz riscos trabalhistas no caso dos professores.

Por isso, a decisão sobre aplicação de reajustes salariais a professores deve sempre exigir uma reflexão profunda. Por conta da isonomia e da irredutibilidade salarial, qualquer passo dado nesse sentido não tem retorno. Para uma decisão dessas, a estratégia e o orçamento devem estar muito bem definidos pela escola.

Evidentemente que as demais áreas da escola também merecem atenção, no que se refere à política salarial. Os setores de apoio pedagógico e administrativo têm também uma atuação muito relevante no sucesso da escola. A maleabilidade desses setores, em termos de
possibilidade de políticas criativas de remuneração, é maior.

Muitas escolas nos perguntam se, na Educação Básica, há um indicador ideal de distribuição da folha entre professores e não-professores. É difícil indicar um ideal, mas podemos trabalhar com os indicadores do mercado.

Na média, o peso dos salários dos professores na folha de pagamento é de 50%. Ou seja, metade da folha é destinada ao pagamento de professores. A outra metade vai para o pessoal de apoio e administrativo.

Essa média tem um desvio padrão razoável. Esse média de 50% é composta por um mínimo de 39% e um máximo de 60%.

Convém frisar que algumas características específicas das escolas podem causar oscilação nesse indicador. Um deles é o grau de terceirização de atividades que podem ou não estar na folha, como limpeza, segurança e contabilidade. As escolas que terceirizam mais as atividades-meio tendem a ter uma participação maior dos professores na folha. O contrário ocorre com quem terceiriza pouco.

Outro fator importante é o número de sócios trabalhando na escola. Os sócios, em geral, exercem funções de apoio ou administrativas e, por isso, nas escolas com mais sócios a participação dos professores na folha é maior.

Por fim, vale mencionar o caso de escolas que estão inaugurando ciclos de ensino, situação em que o peso dos professores na folha costuma subir.

Na calibragem da folha de pagamento, saber em que setor se encontra um eventual desequilíbrio é muito importante. A percepção exata da participação dos professores da folha, portanto, é um indicador fundamental para a boa gestão das escolas.

 

Fernando Barão

WPensar em parceria com a Corus Consultores.